A cantora Marlene, cujo verdadeiro nome é Victória Martino Bonaiutti, nasceu em São Paulo, SP, em 19 de novembro de 1924.
Nasceu na capital paulista, no bairro da Bela Vista, conhecido reduto de ítalo-brasileiros. Seus pais eram italianos e Victória era a mais nova de três filhas. Ela herdou o nome do pai, o qual veio a falecer sete dias depois de seu nascimento. A viúva, Antonieta, não se casou novamente e teve que sustentar sozinha a criação de suas filhas. Ela alfabetizava no Instituto de Surdos e Mudos de São Paulo e também era costureira.
A mãe de Victória era devota da Igreja Batista e conseguiu internar a filha mais nova no Colégio Batista Brasileiro, pagando apenas uma taxa. As mensalidades foram dispensadas em troca de que Victória prestasse serviços gerais ao colégio, como arrumação dos dormitórios. Estudou ali dos nove aos quinze anos de idade, destacando-se nas atividades esportivas, assim como no coro juvenil da igreja.
Ao deixar o colégio, foi cursar a Faculdade do Comércio, situada na Praça da Sé, com o objetivo de se tornar contadora. Na mesma época, empregou-se, durante o dia, num escritório comercial. Foi quando começou a participar de uma entidade de estudantes, recém formada, a qual passou a dispor de um espaço na Rádio Bandeirantes, a Hora dos estudantes, programa em que seria cantora. Seus colegas estudantes, por eleição, escolheram seu nome artístico, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich.
Victória acabou deixando o curso de contadora em segundo plano, priorizando sua atividade artística.
Em 1940, Marlene estreou, escondida da família, como profissional na Rádio Tupi de São Paulo. Sua família, por razões religiosas e sociais vigorantes na época, não poderia admitir uma incursão no mundo artístico. O nome artístico escondeu sua verdadeira identidade até ser descoberta faltando aulas por causa de seu expediente na rádio, o que resultou num castigo exemplar por parte de sua mãe. Mas, Marlene já estava decidida a seguir carreira.
Assim, em 1943, cercada pela desaprovação por parte da família, ela partiu para o Rio de Janeiro, onde, após se aprovada no teste com Vicente Paiva, passou a cantar no Cassino Icaraí, em Niterói. Ali permaneceu por dois meses até conhecer Carlos Machado que a convidou para o Cassino da Urca, contratando-a como vocalista de sua orquestra.
Em 1946, houve a proibição dos jogos de azar e o conseqüente fechamento dos cassinos por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. Marlene, então, seguiu com a orquestra de Carlos Machado para a Boate Casablanca. Dois anos depois, tornou-se artista do Copacabana Palace a convite de Caribé da Rocha que a promoveu de crooner a estrela da casa.
Passou a atuar, também, na Rádio Mayrink Veiga e, no ano seguinte, na Rádio Globo. Nesse período, já se tinha dado sua estréia no disco, pela Odeon, em meados de 1946, com as gravações dos sambas Suingue no morro (Amado Régis e Felisberto Martins) e "Ginga, Ginga, Moreno" (João de Deus e Hélio Nascimento). Mas foi no carnaval do ano seguinte que Marlene emplacou seu primeiro sucesso, a marchinha "Coitadinho do Papai" (Henrique de Almeida e M. Garcez), em companhia dos Vocalistas Tropicais, campeã do concurso oficial de músicas carnavalescas da Prefeitura do Distrito Federal. Foi cantando essa música que Marlene estreou no programa César de Alencar, na Rádio Nacional, com grande sucesso, em 1948.
Marlene se tornou uma das maiores estrelas da emissora, recebendo o slogan "Ela que canta e dança diferente". Ainda em 1948, foi contratada pela gravadora Continental, estreando com os choros Toca, Pedroca (Pedroca e Mário Morais) e Casadinhos (Luís Bittencourt e Tuiú), esse cantado em duo com César de Alencar. Marlene esperou o fim de seu contrato com o Copacabana Palace para abandonar os espetáculos nas boates, dedicando-se ao rádio, aos discos e, posteriormente, ao cinema e ao teatro.
Nessa época, o maior astro da Rádio Nacional era Emilinha Borba, mas as irmãs Linda e Dircinha Batista eram também muito populares e vencedoras, por anos consecutivos, do concurso para Rainha do Rádio. Esse torneio era coordenado pela Associação Brasileira de Rádio, sendo que os votos eram vendidos com a Revista do Rádio e a renda era destinada para a construção de um hospital para artistas. Em 1949, Marlene venceu o concurso de forma espetacular. Para tanto, recebeu o apoio da Companhia Antarctica Paulista. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo produto, o Guaraná Caçula, e, atenta à popularidade do concurso, pretendia usar a imagem de Marlene, Rainha do Rádio, como base de propaganda de seu novo produto, dando-lhe, em troca, um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem necessários para sua vitória. Assim, Marlene foi eleita com 529.982 votos. Ademilde Fonseca ficou em segundo lugar e Emilinha Borba, dada como vencedora desde o início do concurso, ficou em terceiro. Desse modo, originou-se a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas as cantoras pelo país. Prova disso foram as gravações que elas fizeram em dueto naquele ano, com o samba "Já Vi Tudo" (Amadeu Veloso e Peter Pan) e a marchinha "Casca de Arroz" (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti). Foram sucessos no Carnaval de 1950, e no começo desse ano, com a marchinha "A Bandinha do Irajá" (Murilo Caldas), também sucesso no Carnaval.
A eleição para Rainha do Rádio ainda lhe rendeu um programa exclusivo na Rádio Nacional, intitulado "Duas Majestades", e um novo horário no programa Manuel Barcelos, onde permaneceu como estrela até o fechamento da Rádio Nacional. Participou também de outros programas, como o de César de Alencar, o de Paulo Gracindo, bem como Gente que brilha, Trem da alegria, Show dos bairros e o de José Messias.
Marlene manteve o título ainda pelo ano seguinte. Ela, então, passou a ser cantora exclusiva do programa Manuel Barcelos, enquanto que Emilinha tornou-se exclusiva do de César de Alencar. Ainda naquele ano, gravou dois de seus maiores sucessos, acompanhada d'Os Cariocas, Severino Araújo e Orquestra Tabajara: os baiões "Macapá" e "Que Nem Jiló" (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga).
Participou da revista "Deixa que Eu Chuto", no Teatro João Caetano, no Rio. Atuou intensamente no teatro musicado, excursionando pelo exterior e por todo o Brasil em vários espetáculos. Participou, também, do filme "Tudo Azul", ao lado do futuro esposo Luís Delfino, produzido por Rubens Berardo e dirigido por Moacyr Fenelon.
Foi levada ao Olympia, em Paris, pelas mãos de Edith Piaf.
Na ativa até hoje, Marlene comemorou 60 anos de carreira.
Em 2011 foi montado o musical "Marlene e Emilinha".
Fontes: Sites Wikipédia; MPBNet; Blog Cantora Marlene
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
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