Dudu França |
O músico Marcos Maynard, em depoimento, relembra a história dos grupos de Jovem Guarda "Colt 45" e "Memphis", onde Dudu França participou como baterista e cantor:
Colt 45
Era o fim da década de 60 e os Beatles trouxeram em suas canções uma revolução cultural e de comportamento. Interessados em montar um conjunto musical, Marcos Maynard e seu primo Can (Antonio Carlos Macedo) convidaram Zeca (Zacarias José da Conceição) para passar férias com eles em Itanhaém, no litoral sul de São Paulo. Foi quando combinaram criar uma banda. Da bossa nova migraram para o rock. Mas ainda faltava um baterista e Dona Cecília contou ao filho que a mãe do Dudu França tinha dito que ele estava tocando bateria.
“Fomos então até a casa do Dudu, em Pinheiros (bairro da Zona Sul de São Paulo) e pela primeira vez vimos uma bateria. Era uma Gope amarela. Que coisa mais linda! Aí o Dudu mostrou que era bom na bateria e no violão também. Foi convidado e aceitou fazer parte da nossa banda. Eu era cantor e guitarrista-base, o Dudu, baterista, o Can, guitarrista-solo e o Zeca era nosso contrabaixista”, relembra Maynard.
Dudu França na infância (capa de seu último cd) |
“A primeira denominação da banda foi Bumbles Bees, que foi logo descartada pois o principal apresentador da televisão da época, Julio Rosemberg (lider de audiência com seu programa musical Na Crista da Onda), não conseguia pronunciar direito o nome do grupo. Estreamos no programa cantando Yellow Submarine e logo depois mudamos o nome do grupo para Colt 45.”
Em 1967 gravaram uma demo com duas canções, de um lado, Poor Side of Town, com a voz de Dudu França, e no verso Maynard cantando, Don't Bring Me Down. “Mas só tenho o lado que eu gravei. Um dia fui limpar o acetato e, acidentalmente desgravei o lado do Dudu.”
Dudu França / 1978 |
"Achamos que deveríamos ter um órgão na banda. Meu primo disse que poderia tocar. Compramos um Diatrom que era o máximo. Foi quando conhecemos um guitarrista chamado Xilo. Estreamos com ele no Clube Círculo Militar, numa domingueira. Nesta fase, o grupo foi contratado por Abelardo Figueiredo (diretor musical do Beco, principal casa de espetáculos de São Paulo, nos anos 60) para substituir os Beat Boys (conjunto argentino que fazia muito sucesso).
Dudu França / 1978 |
Dudu França |
“Lembro que nós cantávamos esta música antes dela ser conhecida no Brasil. No nosso repertório incluíamos também "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", em italiano. E cantamos esta música no programa dos Incríveis, que eram nossos amigos e gravaram a música em português.”
Dudu França / 2000 |
Um detalhe curioso ocorreu com o Colt 45. A banda nunca havia tocado no Pinheiros, nem no Paulistano. E seus integrantes não sabiam o motivo porque não eram convidados para se apresentar nestes clubes. Um dia, Maynard conversando com Polé (campeão pan- americano e o melhor jogador de pólo aquático que o Pinheiros teve em todos os tempos), pediu que ele intercedesse junto ao diretor social do clube. Foi quando Polé, revoltado, descobriu que a banda não tinha espaço no Pinheiros porque o Zeca era negro e havia preconceito racial no clube. Por imposição do atleta, o Colt 45 passou a tocar no Pinheiros e, em seguida, no Paulistano.
Dudu França |
“Eu já era amigo do Seu Alfredo (Alfredo Santos Filho, diretor social do Clube Círculo Militar) e consegui que ele nos convidasse para tocar nas famosas e concorridas domingueiras do clube. Foi lá que fomos descobertos pelo Cesare Benvenutti, o grande produtor na época de música jovem em Inglês. Ele nos levou a um estúdio e começamos a gravar compactos simples para um selo chamado Mammuth. Nós fizemos vários discos com diferentes nomes de bandas: Joe Bridges, Kris Kringle, Beach Band, Baby Joe, etc. Foi quando o Toninho Paladino nos levou para a RGE, onde finalmente a banda gravou (usando seu próprio nome) a música Sweet Daisy em compacto simples.”
Antes das gravações com Cesare, o organista Callia saiu da banda e Maynard, em apenas uma semana, aprendeu os primeiros acordes do instrumento para substituí-lo num grande show que seria realizado no Clube Pinheiros com a participação das cinco principais bandas de rock em inglês de São Paulo. No lugar de Callia, para as sessões de gravação de "Sweet Daisy", entrou Otávio Augusto, que ficaria famoso em carreira-solo como Pete Dunaway.
Dudu França / 2006 |
Com a onda da dance music, a porta dos clubes se fechou para os conjuntos. Dudu França então procurou outros caminhos indo para a carreira solo como cantor de discoteca.
Descoberto por Carlos Imperial, começou a fazer sucesso no no final dos anos 70 e início dos 80, intensificando sua carreira nos mercados latino-americanos.
Muitas de suas músicas viraram faixas de novelas. Seu primeiro grande hit foi em 1978, quando a música "Grilo na Cuca" estourou em todas as rádios e foi inclúida na trilha da novela Marrom Glacê. Freqüentava o programa de auditório de Carlos Imperial chamado de "Os Embalos de Sábado".
No início dos anos 80, Dudu ainda emplacaria muitos hits, como "Eu e ela" e "Fim de Semana", "Geração saúde", "Me leva" e "Foge comigo" . Em 1982 ele foi o grande vencedor do Festival Internacional de la Canción de Viña del Mar, com a música "Dime, amor", composta por ele e por Morris Albert.
Dudu França / 2008 |
Posteriormente virou compositor e produtor de jingles de sucesso.
Se converte ao protestantismo e após um tempo desaparecido, retorna como cantor de músicas evangélicas (Gospel). Frequenta a Igreja Videira, em São Paulo.
Após sua conversão, alterou a letra de seu principal sucesso "Grilo na Cuca" para "Cristo na Cuca".
Dudu ainda continua cantando e apresenta em seu show um vasto repertório com músicas de sua época, como Johnny Rivers, Frank Sinatra e vários outros.
Fonte: Wikipédia.
Dudu França - "Grilo na Cuca" - Programa Carlos Imperial / 1978
Dudu França no Cassino do Chacrinha / 1982
Dudu França apresenta seu show
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